Falando sério...Vamos Brincar?
Já não é novidade o fascínio que tenho pela Educação
Infantil...Muito tenho aprendido com meus pequenos,
e com um prazer enorme venho compartilhando minhas experiências.
As queixas são inúmeras após a aula: “ela não aprende
nada”; “Juquinha não fez nada hoje.”; “Aninha não comeu e não tomou banho” “ele
só vai pra escola brincar”... Mas falando sério, por que é importante brincar?
Atividades comuns nas classes de Educação Infantil
ainda são questionadas sobre sua importância. Mas qual será a utilidade do “faz
de conta” para as crianças, e daquelas cantigas que ficam grudadas em nossos
ouvidos o dia inteiro? Vamos tentar responder a algumas dessas perguntas...
As crianças tendem a sentir mais interesse em
participar das atividades que despertem liberdade e prazer, pois colocam em
prática tudo aquilo que estão aprendendo. Assim, quando as crianças brincam de
faz de conta, por exemplo, elas assumem diferentes papeis e aprendem a resolver
conflitos reais, desenvolvem a autonomia e a linguagem oral e gestual.
As rodinhas musicais são importantes porque
desenvolvem a observação, a atenção, o equilíbrio e a coordenação. Ao
manusearem livros e revistas estão entrando em contato com diversos gêneros
textuais, ampliando repertório de letras e o vocabulário. E quando “rabiscam”
estão estimulando a escrita espontânea.
Momentos de interação com o grupo e de movimentação
corporal são necessários para construção do conhecimento, criação de regras,
desenvolvimento da espontaneidade, liberdade, criação e imaginação.
Antigamente, as instituições que atendiam essa faixa
etária de crianças ofereciam um atendimento mais assistencialista do que
educacional. Hoje, com o respaldo legal na LDB, em seu artigo 29, “A Educação
infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança...” (LDB/9394, art. 29)¹.
Desta forma, o trabalho que deve ser realizado nas
instituições de Educação Infantil é o de atender a todas as necessidades das
crianças: físicas, psicológicas, intelectual e social.
Segundo Vygotsky (1998)², no processo de aprendizagem
é importante a interação social entre o individuo e seus mediadores, como a
família e os docentes. É necessário que as crianças se apropriem de outras
culturas, para que ocorra a aprendizagem. E isso é um processo contínuo.
O papel do Professor é o de mediar as relações entre
as crianças e os diversos universos culturais nos quais elas interagem. O
professor não é responsável apenas por fazer a higiene e auxiliar na alimentação
das crianças que estão sob sua responsabilidade. Assim como o papel da família
também não se restringe a matricular a criança na escola, mas acompanhar e
participar ativamente do processo educativo.
Por tudo isso, é surpreendente perceber que algumas pessoas
ainda não modificaram sua forma de ver a Educação Infantil. Costumo presenciar
famílias preocupadas somente com alimentação e higiene; e professores
empenhados em ensinar a ler e escrever. E entre ambos o esquecimento daquilo
que é importante: o desenvolvimento físico e emocional da criança, sem
desconsiderar sua cultura, seu ritmo de aprendizagem e sua auto-estima.
A visão sobre a Educação Infantil tem mudado bastante,
porém não como gostaríamos, infelizmente. No entanto, seguimos em frente com
muito otimismo, pois as pequenas mudanças obtidas se manifestam positivamente
na vida dos pequenos.
Abraços e até a próxima.
Valdilene de
Carle
¹
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases nº.
9.394, de 20 de Agosto de 1996. Brasília.
²
VYGOTSKY, Lev. S. A Formação Social da
Mente: O desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores. 6º ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1998.
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